Parece papo dos anos 50, quando se discutia se as mulheres podiam assumir cargos e exercer funções públicas nas mesmas condições que os homens, mas acredite, igualdade de gêneros é um debate que está em voga até hoje, em pleno século XXI.
A Marinha foi a primeira das três Forças brasileiras a admitir mulheres em suas fileiras, há quase 40 anos. Claro, no início, o trabalho feminino era restrito ao administrativo, não era permitido às militares portar arma, a insígnia (aquele broche preso na gola da camisa) era uma rosa dourada e a carreira era bem diferente — elas pertenciam ao Corpo Auxiliar Feminino da Reserva da Marinha, e eram chamadas de CAF.
Com o tempo, o mundo evoluiu e as Forças Armadas também.
Eu nunca fui CAF. Posso não ter sentido tanto as mudanças, porém, sei que foram muitas. Entrei na Marinha em 1998, já no recém-criado Quadro Técnico, assim que foi aprovada a Lei de Reestruturação de Corpos e Quadros que extinguiu o corpo feminino, o marco legal que ampliou as atividades das mulheres.
Depois disso, foi só conquista.
Em 2012, a Marinha, pioneira mais uma vez, fez a única mulher Oficial General das Forças Armadas (depois de 30 anos de serviço). Em 2014, foi a vez das Aspirantes ingressarem na Escola Naval no Corpo de Intendentes, e, nesse ano, as inscrições foram abertas para elas integrarem o Corpo da Armada e o de Fuzileiros Navais, até então restritos aos homens.
Agora, a palavra de ordem é meritocracia.
Dentre as várias histórias de superação e sucesso; temos a da Capitão-Tenente Maria Almeida, que será a primeira militar brasileira a participar de uma missão de paz na área de Abyei, no Sudão do Sul; a da Segundo-Tenente Débora, que é a primeira mulher combatente do Corpo de Fuzileiros Navais e das Forças Armadas brasileiras a integrar uma tropa em missão de paz; a da Capitão de Corveta Rosângela, primeira mulher a assumir a chefia do destacamento do Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade; e da Capitão de Fragata Carla Daniel, minha amiga de turma, e primeira mulher a representar o Brasil no comando do Departamento de Operações de Paz da ONU em Nova Iorque.
Ah, e antes que alguém pergunte, aqui a mulher não ganha menos que o homem — os direitos e deveres são iguais.
Ainda há muito o que se fazer e pelo que lutar, mas estaremos aqui para ajudar.
Quem disse que as Forças Armadas são só para homem?