Essa semana, o mundo parou na frente da TV para acompanhar a operação de salvamento, na Tailândia, dos 12 meninos e de seu treinador de futebol.
Gente de toda a parte do planeta quis ajudar, de alguma forma, a equipe dos "Javalis Selvagens", presa há 17 dias em uma caverna.
Nesse complexo e perigoso resgate, os mergulhadores foram os campeões.
Saman Gunan fez parte do grupo. Ex-mergulhador de elite da Marinha Tailandesa, e voluntário para participar da operação, morreu enquanto percorria o caminho de volta da caverna.
Ele enfrentou túneis estreitos, sem visibilidade, cheios de pedras e desníveis. Uma trajetória difícil que sabia ser arriscada — ossos de seu ofício.
O final feliz dos garotos foi garantido pela experiência e coragem de profissionais como ele.
Na Marinha do Brasil, eles são integrantes do GRUMEC (Grupamento de Mergulhadores de Combate), uma unidade de operações especiais.
São anos de rigoroso treinamento, enquanto os militares são submetidos a condições extremas, com provações físicas e psicológicas, em um ambiente de elevado estresse, até poderem ser considerados Mergulhadores de Combate — MEC.
Não é para qualquer um. Muitos desistem e "pedem para sair".
A pressão é constante, pois, como você acabou de ver, a vida real é mil vezes pior.
Depois de concluída a dura preparação, o MEC estará capacitado a operar em retomadas de navios e plataformas de petróleo, em resgate de reféns, em apoio a operações de guerra anfíbia, em contraterrorismo, na detecção e desativação de engenhos explosivos, dentre outras inúmeras missões, em terra, no mar, nos rios, nas matas e até no ar.
Ser MEC é muito mais do que mergulhar, é superar limites. Daí o lema do GRUMEC ser "Fortuna Audaces Sequitur" — A sorte acompanha os audazes!
Não é à toa que o Comandante Rodolfo Ruppel, personagem principal do meu livro, é Mergulhador de Combate.
Só que na Tailândia não era ficção e eles foram heróis de verdade.
Saman Gunan, obrigada por sua audácia. Sorte dos meninos tailandeses!